Entrevista com Johannes Newton do Prado, Gerente de Inovação da Polpa Brasil
Johannes Newton do Prado é bioquímico e tecnólogo de alimentos, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina. Após experiências em grandes indústrias do setor frigorífico, ingressou na Polpa Brasil em 2009, onde atua há 15 anos. Como Gerente de Inovação, é responsável pela pesquisa e desenvolvimento, engenharia e aspectos ambientais da empresa.
Fundada em 1999, a Polpa Brasil é uma empresa especializada na produção de insumos desidratados à base de frutas e vegetais para a indústria alimentícia. Com mais de 20 anos de experiência, a empresa se tornou referência no setor, oferecendo mais de 90 produtos diferentes e atendendo clientes em diversos países ao redor do mundo. A empresa possui certificação FSSC 22000, que garante a qualidade e segurança de seus produtos.
O que motivou a Polpa Brasil a realizar um inventário de carbono?
Johannes: Com o passar dos anos, percebemos a necessidade de melhorar nossos processos e entregas para nossa cadeia de valor. Assim como implementamos um sistema de gestão de segurança de alimentos no passado, vimos que a questão da pegada de carbono estava se tornando uma demanda de mercado. Queremos andar no mesmo caminho que nossos parceiros e grandes indústrias multinacionais.
Como foi o processo de escolha da empresa para realizar o inventário?
Johannes: A Comerc, nossa parceira de longa data no mercado livre de energia, já fazia um relatório simples sobre mitigação de pegada de carbono. A partir daí, decidimos aprofundar o assunto e realizar um inventário mais completo.
Qual foi o resultado desse inventário e como você o avalia?
Johannes: O inventário nos permitiu entender nossa posição e participação na questão do carbono. Descobrimos que nosso ramo de atuação e a forma como trabalhamos nos colocam em uma posição melhor que outros players do mercado. Isso nos motiva a buscar formas de mitigar ainda mais nosso impacto.
Quais foram os ganhos diretos e indiretos para a empresa após a realização do inventário?
Johannes: Os ganhos diretos são difíceis de mensurar, mas o inventário nos ajuda na relação com a nossa cadeia de fornecimento. Ao informarmos aos nossos clientes nossa pegada de carbono, contribuímos para a redução da pegada deles também.
Como foi a experiência com a plataforma da DEEP?
Johannes: A plataforma da DEEP foi muito útil para coletar e organizar os dados de forma automatizada. Isso facilitou muito o processo, já que normalmente não temos controles específicos para esses tipos de dados no dia a dia.
Vocês perceberam alguma demanda específica de mercados internacionais em relação ao inventário de carbono?
Johannes: Alguns clientes, especialmente as grandes corporações multinacionais, já começaram a perguntar sobre nossa pegada de carbono. Para eles, essa questão já é mais robusta. O fato de termos essas informações fortalece nossa posição competitiva.
O mercado já valoriza efetivamente as empresas que realizam inventários de carbono?
Johannes: Acredito que o mercado ainda não está 100% maduro para isso, pelo menos no nosso segmento. Ter um inventário de carbono nos coloca em um nível acima, mas não significa que empresas que ainda não têm serão desqualificadas. No entanto, a tendência é que isso se torne cada vez mais importante, assim como aconteceu com as certificações de qualidade no passado.
Qual foi o papel da DEEP no processo de certificação do inventário?
Johannes: A DEEP teve um papel fundamental ao disponibilizar horas para entender o processo de certificação junto conosco. Sem esse envolvimento, não teríamos conseguido ter o inventário verificado. A colaboração entre Polpa Brasil, DEEP e Comerc foi essencial para o sucesso do processo.
