Sistemas Integrados de Gestão Empresarial (ERPs) e o futuro da mensuração de impactoEntrevista exclusiva com Angela Gheller, diretora dos produtos para Manufatura da TOTVS

Há aproximadamente 60 anos, a introdução dos Sistemas Integrados de Gestão Empresarial (ERPs) revolucionou a maneira como as empresas coletam e gerenciam informações. Antes dessa transformação, o processo era manual e muito trabalhoso, sujeito a erros e ineficiências. Com a chegada dos ERPs, as organizações ganharam não apenas em precisão, mas também em velocidade e integridade dos dados, fundamentais para a tomada de decisões estratégicas.

Convidamos Angela Gheller, diretora dos produtos para Manufatura da TOTVS, maior empresa brasileira de tecnologia, com mais de 50% de participação de mercado no Brasil e presença em 40 países, para explorar o paralelo entre os avanços proporcionados pelos ERPs na contabilidade financeira e as inovações atuais, como as soluções da DEEP para a contabilidade de impactos ambientais e sociais. Perguntamos a ela não só como essas soluções simplificaram os processos, mas também como estão moldando o futuro da sustentabilidade corporativa e a materialização de novas diretrizes contábeis e de mensuração de impacto.

Os primeiros ERPs surgiram na década de 1960 e 70. Depois, se popularizaram a partir de 1990. Antes dos ERPs, a coleta de dados contábeis era manual, com livros, fichas, planilhas e documentos em papel. O que mudou com a entrada dos ERPs nas empresas? Quais foram os ganhos?

Hoje, o ERP é como o cérebro de uma empresa. Sua implementação traz inúmeros benefícios, como maior produtividade, dado que os dados de diversas fontes são consolidados de automaticamente e em tempo real em um único lugar; melhor visibilidade sobre processos e demandas, de forma a agilizar compra, vendas, estocagem etc; tomada de decisão baseada em dados, ou seja, uma estratégia ainda mais robusta e assertiva com base no todo; controle fiscal e tributário automático, proporcionando compliance e regulamentação de acordo com as leis do país, estado e cidade em que a empresa se encontra.

O ERP promove também um ecossistema de melhorias internas em relação a processos e pessoas, de forma a otimizar a jornada de trabalho e direcionar o colaborador a ser mais estratégico e eficiente, além de proporcionar também um ecossistema de inovações, uma vez que a empresa consegue direcionar recursos para novas tecnologias.

Qual o impacto de um software de gestão integrada na confiabilidade da informação?

Como mencionei anteriormente, o ERP consolida as informações de diversas áreas, em tempo real, em um único ambiente. Dessa forma, é possível ter acesso, visibilidade e controle mais rápido de todas as informações importantes. O sistema sinaliza se houver qualquer divergência ou faltas de informação, ou seja, a confiabilidade é muito maior do que um controle manual, suscetível a erros humanos.

E na simplificação do processo de coleta?

O ERP é uma ferramenta muito intuitiva, de forma que o preenchimento e a coleta das informações é bastante rápida e fácil, com APIs que se integram a diferentes máquinas e plataformas, automatizando os processos. Isso faz com que o profissional passe mais tempo utilizando sua capacidade analítica e estratégica, do que preenchendo e revisando dados.

O que aconteceria se as grandes empresas ainda estivessem usando as soluções “tradicionais” (pré ERP)?

Parece absurdo, mas ainda encontramos empresas, sobretudo indústrias, que ainda não passaram pelo processo de digitalização. Ou seja, o chão de fábrica ainda é controlado de forma manual, com papéis e planilhas. Esse tipo de processo atrasa o desenvolvimento do negócio e pode gerar uma série de problemas, desde ruptura da produção, por falta de manutenção preditiva dos equipamentos ou também por falta de matéria-prima, como consequência de um problema de compras. Em uma empresa, todos os processos e áreas são sequenciais e encadeados, de forma que uma informação anotada de maneira errada prejudica todas as demais áreas e tarefas.

Avançando para a mensuração de impacto, a coleta de dados das soluções da DEEP é feita de forma automática, através de uma integração com os sistemas de gestão das empresas. Na sua opinião, qual é o impacto desta inovação na gestão do impacto nas empresas?

Cada vez mais observamos que as empresas são exigidas a prestar contas a respeito do seu impacto no meio ambiente. Por meio da tecnologia, com a combinação do ERP da TOTVS e da ferramenta da DEEP, as empresas conseguirão obter e gerar relatórios completos sobre seu impacto, de forma a não só registrar, mas também a ter visibilidade e planejamento para implementar ações que impactem esses indicadores e beneficiem o meio ambiente e o negócio. Sem dúvidas, essa combinação de tecnologias promove uma gestão com uma governança muito mais assertiva e eficiente, ampliando e fortalecendo a jornada ESG das empresas.

Como você vê o futuro da mensuração de impacto?

A mensuração e o reporte de relatórios sobre o impacto das empresas no meio ambiente são demandas cada vez mais latentes, sobretudo por conta de normas internacionais, como IFRS S1 e S2, que serão incorporadas à regulamentação brasileira e vão acabar pressionando a adequação de todo o mercado.

Podemos observar uma pressão também do próprio BACEN, que requer uma declaração de informações sobre riscos socioambientais e climáticos para validar a concessão de crédito às empresas.

Qual o paralelo que existe das soluções de ERP para a contabilidade financeira e de soluções (como a da DEEP) para contabilidade de impactos?

A tecnologia incrementa a atuação das empresas, ampliando a produtividade e a assertividade sobre os dados do negócio. Com processos automatizados, que tanto o ERP da TOTVS quanto a solução da DEEP trazem, as empresas podem obter maior governança e confiabilidade sobre os dados, de forma que as relações transacionais e comerciais passam a ser ainda mais seguras e benéficas.

Como a nova norma / diretriz contábil do IFRS, IFRS S1 e S2 materializa essa relação?

As normas IFRS S1 e S2 representam um passo fundamental na convergência entre tecnologia e contabilidade de impacto. Por meio da padronização, digitalização e maior transparência das informações ESG, essas normas abrem caminho para um futuro mais sustentável e responsável para todo o mercado. A contabilidade de impacto, por sua vez, assume um papel central nesse processo, fornecendo ferramentas e insights para que as empresas assumam a responsabilidade por seus impactos na sociedade e no meio ambiente. Ter as ferramentas certas para dar visibilidade e transparência aos impactos e ações da agenda ESG, abre ainda mais oportunidades para negócios.

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