Mulheres de Impacto: Flávia Bittencourt

Engenheira sanitarista e ambiental pela UFSC e Mestre em Engenharia Ambiental pela UFSC, Flávia Bittencourt se divide entre o trabalho na DEEP e o doutorado no Brasil (EESC-USP) e na Alemanha (Instituto Fraunhofer). 

Apaixonada por sustentabilidade desde pequena, Flávia é hoje uma referência em temas como Avaliação de Ciclo de Vida e Economia Circular. 

Quando surgiu o seu interesse por Sustentabilidade? 

Aos 4 anos! Desde criança, sou Bandeirante, um movimento de educação não formal que tem como objetivo trabalhar as gerações presentes – crianças e jovens – para desenvolver seu potencial máximo como responsáveis cidadãos do mundo. Uma das áreas centrais do movimento é justamente o meio ambiente. Cresci na cidade de São Paulo e todo sábado fazíamos atividades em um clube do lado do Parque do Ibirapuera e algumas vezes por ano acampávamos. Eu sempre gostei muito da natureza! Quando chegou a hora de ir para a faculdade, sabia que queria algo voltado ao meio ambiente, só não sabia exatamente o quê. 

A vida acabou me levando para Florianópolis, onde cursei Engenharia Sanitária e Ambiental, na UFSC. Além da parte acadêmica, a experiência me trouxe um aprendizado muito importante sobre consumo consciente. Confesso que a parte sanitária não me interessava tanto – água, esgoto, captação e tratamento de efluentes… São temas muito importantes, mas mais ligados à área de infraestrutura do que à solução de problemas ambientais, que era o que eu buscava. 

Foi aí que você mergulhou em Avaliação de Ciclo de Vida (ACV), tema da sua pesquisa de mestrado? 

Depois da formatura, continuei estudando e cheguei à Avaliação de Ciclo de Vida (ACV). Até então, sabia muito pouco sobre o conceito – geralmente, associamos a sustentabilidade às fases de uso e descarte dos produtos. Com a ACV, descobri que a sustentabilidade não é sobre como os produtos terminam, mas sim sobre sua cadeia completa, desde a concepção do design e fluxos que a compõem. Entendi então a relação entre os sistemas produtivos e a forma de consumo que o mundo vive hoje, e pude perceber o tamanho do problema. E que, para resolver, precisamos esquecer tudo que conhecemos e construir algo novo. 

Para quem pratica o Desenvolvimento Sustentável de verdade (não aqueles que usam o tema apenas para melhorar a imagem de uma organização), é fundamental analisar os sistemas como um todo, de forma holística. Não basta se preocupar apenas com o lado ambiental, é preciso ter ao mesmo tempo uma atenção especial em relação ao social. No Brasil, temos 33 milhões de pessoas que passam fome. Como podemos falar de consumo consciente sem levar isso em consideração? 

A partir daí, comecei a enxergar muitos desafios e também oportunidades. Com ACV é possível gerar indicadores para apontar a circularidade dentro dos modelos de negócio, entender como os indicadores interagem entre si – por exemplo, o impacto que pode ser gerado pela simples mudança de um material usado no processo produtivo. O fato é que de 70% a 90% do impacto de um produto são definidos na sua etapa de design. Esse é um exemplo de como as oportunidades de inovação voltadas para a sustentabilidade são intermináveis.

E decidiu então seguir para o doutorado em ACV e economia circular no Brasil (USP) e na Alemanha (Instituto Fraunhofer), certo? 

Exatamente! Quis me aprofundar, buscar soluções novas para gerar valor sem exaurir os recursos. Novamente, tinha uma visão parcial do tema Economia Circular, que pensava ter a ver apenas com logística reversa e reciclagem. 

Em abril, dei uma palestra sobre os cinco modelos de negócio específicos da economia circular que estão ganhando espaço no mundo: input circulares (criar produtos sustentáveis, reparáveis e recicláveis, de preferência em módulos); plataformas de compartilhamento (que permitem maior utilização de bens e recursos); produto como serviço (substituição de posse por uso); extensão do ciclo de vida do produto (pela reparação, manutenção, atualização, revenda e refabricação); e recuperação de recursos (a partir de resíduos ou subprodutos). 

De que forma seu trabalho na área de Metodologia da DEEP se encaixa na sua trajetória? 

O trabalho da DEEP está totalmente alinhado com os meus princípios. O ponto de partida para mudarmos algo é saber que existe um problema – e conseguir medir o seu impacto! 

Gosto muito da forma como a DEEP mistura tecnologia e inovação para resolver questões ligadas a Sustentabilidade e ESG, de uma forma mais ampla. Adoro essa interdisciplinaridade! 

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