“A sustentabilidade precisa ser por e para as pessoas!”

Carlos Marques é um profissional com extensa experiência na área de sustentabilidade e meio ambiente. Fundador da Ambiafro, uma ONG focada em tornar o conteúdo ambiental mais acessível e plural, ocupa atualmente o cargo de Analista Sênior de Sustentabilidade no Sicoob. 

Com formação acadêmica que inclui Ciências Ambientais pela Universidade de Brasília e pós-graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade pela Fundação Getulio Vargas, foi reconhecido pelo Linkedin como Top Voice e Creator Sustentabilidade; como Young Leader pelo Instituto Anga; um dos top 20 líderes em sustentabilidade no mundo pela CEO Magazine; Top Voice Sustentabilidade pela revista Exame; e uma das quatro principais referências em diversidade pelo Instituto Ethos. 

Além de todos esses reconhecimentos, integrou o Comitê de Seleção para o Young Leaders of the Americas Initiative Program, do Departamento de Estado dos EUA.

Veja a seguir a entrevista exclusiva que Carlos Marques deu para o blog da DEEP. 

Como começou sua trajetória na área ambiental?

CM: Minha ligação com a área ambiental começou na infância. Sempre gostei muito de “bichos e plantas”, como se diz popularmente. Cresci frequentando a casa dos meus avós, que tinha muitos cachorros e plantas, e isso me fazia sentir muito bem. Essa conexão com a natureza desde cedo gerou em mim uma inquietação sobre as diferenças entre os ambientes mais naturais e os urbanos, o que, bem mais tarde, acabou direcionando minhas escolhas profissionais. 

Como foi sua formação acadêmica nessa área?

CM: Comecei em 2008 com um curso técnico em meio ambiente, junto com o Ensino Médio. Depois na graduação fiz um semestre em agroecologia e outro semestre de  licenciatura em química, que complementaram minha formação. Finalmente, terminei em ensino superior em Ciências Ambientais pela Universidade de Brasília, um curso que me deu uma visão abrangente sobre o meio ambiente, englobando aspectos ambientais, sociais e econômicos. Essa formação foi crucial para iniciar minha perspectiva sobre sustentabilidade.

O que o levou a fazer uma pós-graduação em sustentabilidade?

CM: Quando entrei no mercado profissional em 2018, trabalhando em uma multinacional, percebi que muitos assuntos de sustentabilidade que ainda estavam engatinhando no Brasil já estavam mais consolidados lá fora. Senti a necessidade de me especializar mais no aspecto corporativo da sustentabilidade, já que minha formação inicial era muito técnica e voltada para o setor público. Por isso, decidi fazer a pós-graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade na Fundação Getulio Vargas.

Como você vê a evolução do conceito de sustentabilidade ao longo dos anos?

CM: Vejo que a sustentabilidade tem amadurecido cada vez mais. Hoje, entendemos que não adianta cuidar apenas de temas intangíveis como carbono e clima se não focarmos também nas pessoas e nas relações humanas. A sustentabilidade precisa ser por e para as pessoas. Temos avançado nessa compreensão mais ampla, mas é importante lembrar que o desenvolvimento não é linear. O mais importante é não retroceder.

Qual o papel das instituições financeiras na promoção da sustentabilidade?

CM:  É muito importante! A forma como as instituições financeiras direcionam seus recursos pode impactar significativamente a transição para uma economia mais sustentável. Elas têm o poder de influenciar mudanças nas práticas das empresas através de suas políticas de crédito e investimento.

O que o motivou a criar a Ambiafro e qual é o seu propósito? 

CM: A Ambiafro foi criada há quatro anos, em agosto de 2020. Ela nasceu da minha inquietação em ver a dificuldade de pessoas negras se inserirem no debate sobre as questões ambientais. Nosso objetivo é dar visibilidade para pessoas negras que já estão no mercado ambiental, ajudar na formação de outras e falar sobre meio ambiente e sustentabilidade de maneira mais simples e acessível.

Quais são os principais desafios para a sustentabilidade no futuro?

CM: Acredito que o futuro da sustentabilidade está em falar sobre adaptação e resiliência. Já passamos da fase de mitigação. Com o aumento dos impactos e eventos climáticos extremos em todo o mundo, precisamos nos concentrar em como tornar nossas cidades e economias mais adaptadas e resilientes às mudanças climáticas. Isso envolve não apenas aspectos ambientais, mas também sociais e econômicos.

Como você vê o papel das empresas na promoção da sustentabilidade?

CM: Hoje, vemos grandes corporações com setores e lideranças dedicados à sustentabilidade. Há uma crescente compreensão de que a sustentabilidade não é apenas marketing, mas uma questão de negócio. As empresas estão percebendo que precisam internalizar as externalidades, ou seja, considerar os impactos ambientais e sociais de suas operações em toda a cadeia de valor.

Que mensagem você deixa para as lideranças empresariais em relação à sustentabilidade?

CM: Minha mensagem final é que elas precisam entender que uma transição verde não se faz sem investimento nas pessoas. Não adianta deixar as pessoas para trás nesse movimento. Quanto mais você investe em grupos sociais em vulnerabilidade, mais você investe em sustentabilidade. É preciso ter um olhar mais empático, pensando no hoje e no longo prazo, e entender que o tempo das corporações nem sempre é o mesmo tempo das pessoas que precisam de mudanças urgentes.

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