São José dos Campos foi o primeiro município brasileiro a receber o certificado de Cidade Inteligente, concedido pela ABNT. No mundo, apenas 79 cidades conseguiram obter esta certificação, que leva em consideração 276 indicadores de áreas como serviços urbanos, qualidade de vida e práticas sustentáveis.
Para falar justamente sobre práticas sustentáveis de empresas inovadoras da região, Danilo Magri reuniu no Multiplique (programa do SBT) Arthur Covatti, CEO e cofundador da DEEP; Rodrigo Marques, da Terra Magna; e Weber Amaral, da PlanC.
Veja os principais pontos destacados pelos três empreendedores:
Medir impacto vai ser obrigatório!
Arthur Covatti: “A DEEP tem uma visão: em dez anos, medir carbono, pegada hídrica, impactos sociais e ambientais vai ser tão importante quanto hoje é medir a receita. Pode ser uma pastelaria, pode ser a Vale… Hoje, todos têm que medir sua receita, nem que seja pagar impostos. Em 10 anos, medir carbono vai ser uma obrigatoriedade! Dentro dessa visão, a DEEP constrói ferramentas de mensuração de impacto, em particular, carbono, água e resíduos para empresas, bancos, corporações, médias e Pequenas Empresas em nível nacional e internacional”.
Monitoramento de lavouras via satélite
Rodrigo Marques: “A Terra Magna começou com a ideia de usar imagens de satélites para resolver algum grande problema da sociedade. Identificamos que a agricultura precisava desse tipo de sistema. Nosso trabalho é de acompanhamento de vegetação nativa, da atividade agrícola. Utilizamos essa tecnologia para financiar o agronegócio de maneira inteligente – existem vários financiadores do agronegócio, mas eles têm dificuldades em mensurar risco. Então, unimos todo o conhecimento técnico, toda tecnologia para fazer esse potencialização do negócio, usando crédito inteligente”.
O carbono é uma forma de atribuir valor às ações ligadas ao clima
Weber Amaral: “Para contribuir para o clima, a tecnologia é fundamental. E a tecnologia só vai fazer sentido se chegar na mão daquele que tem a pastelaria, uma frota de
carros, uma floresta… Para quaisquer tipos de atividade econômica, queremos dar valor às ações ligadas ao clima. O carbono é uma forma de atribuir valor a cada ação, é o resultado da mensuração de um projeto. O mercado de carbono ajuda o planeta a reduzir as emissões, a atender as metas dos países e também é bom para os negócios.
Aquecimento global já é um problema real!
Arthur Covatti: “Tudo começa com o aquecimento global, que é um problema real da economia. Dois números para tangibilizar isso: primeiro, a pluviosidade na Europa, que vai cair em 50% no verão, a depender do cenário de aquecimento global. Ou seja: vai parar de chover na Europa! A Espanha que vai ficar tão desértica quanto Argélia a depender do cenário de aquecimento global. Isso é fato! Já há muitos estudos em torno disso. Outro número relevante: parte do não crescimento do PIB que a China teve nesse último ano tem a ver com secas no norte do país, que impactaram as hidrelétricas. Como o aquecimento global “machuca”a economia, instituições como grandes bancos e fundos internacionais começam a pressionar governos a agir. Essa pressão faz com que sejam criados mecanismos de incentivo para chegar nas empresas.
No Brasil, grandes bancos, como Bradesco, Itaú e Santander, têm metas de redução de carbono para 2030 e 2050. E eles precisam repassar para seus clientes essas metas, o que impacta diretamente o custo do capital. Outro ponto de pressão é a exportação: se você atende uma empresa que está nos Estados Unidos, na Europa, na China, precisa se adequar. A meta de redução de emissão de uma empresa na Europa afeta toda a sua cadeia de suprimentos, chegando a fornecedores no Brasil. O dinheiro é o rei dos mecanismos e é assim também com a pressão por descarbonização”.
Brasil tem tudo para ser protagonista na descarbonização
Arthur Covatti: “O Brasil é 1,5% do PIB Mundial e pode ter 35% do mercado mundial de exportação de carbono, que deve estabilizar perto de um trilhão de dólares. Só para ter uma ideia, o investimento anual necessário para fazer a transição energética do mundo é da ordem de cinco trilhões de dólares. Então, estamos falando de mercados trilionários e que o Brasil pode ser um player importante em nível global”.
Estamos no século do impacto!
Arthur Covatti: “O século XIX, pode ser definido como o século do retorno (o foco era de retorno sobre investimentos); depois, o século XX passou a considerar a relação risco/retorno; agora, estamos vivendo o século do risco, retorno e impacto. Para mim, o capitalismo venceu, mas não o capitalismo que nós tivemos até aqui. É um modelo de capitalismo, que começa a se transformar e incorporar, como moeda, o impacto!”
https://www.youtube.com/watch?v=mTreN-nq420
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