O pilar “S” de ESG em tempos de crise econômica

O advento da pandemia e a crise econômica que se seguiu em maior ou menor grau em diversos países, aguçou os sentidos de consumidores e investidores quanto ao pilar social da prática de ESG, já que inclui o respeito às leis trabalhistas, segurança do trabalho, treinamento e retenção de talentos, respeito à diversidade etc.

Com uma pequena queda no segundo trimestre, em relação ao trimestre anterior, a taxa de desemprego brasileira no terceiro semestre de 2021 ficou em 12,6% (IBGE), ainda assim representando 13,5 milhões de desempregados. E, apesar da queda do desemprego, a informalidade cresceu e o rendimento real dos brasileiros teve uma queda histórica induzida, inclusive, pela alta do Dólar e suas consequências e rebatimento no poder de compra dos trabalhadores.

Este é justamente o ponto crítico do pilar S. Vale lembrar que o primeiro pilar dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da agenda da Organização das Unidas (ONU) são as pessoas (P1), já que o desenvolvimento das sociedades está associado à garantia de uma vida mais digna e igualitária, seguido do P2 (Prosperidade), porque as vidas devem ser vividas com dignidade, e “essa dignidade só pode existir na medida em que possa ser suportada”, assinala o P2 dos ODS.

Arthur Covatti, CEO da DEEP acredita que “para além das questões de bem-estar social envolvendo saúde e segurança do trabalho, de diversidade, o pilar S de ESG precisa atentar para a geração de renda e oportunidade, que são elementos determinantes de justiça social. Não necessariamente gerar emprego significa gerar renda. Existe, neste caso, a troca de trabalho por dinheiro. O importante é que o trabalhador passe a receber mais ao longo do tempo na medida em que a produtividade aumenta. É a ascensão social, a geração de renda propriamente dita”, avalia.

No Brasil – e em outros países em desenvolvimento –, o crescimento das taxas de desemprego evidenciaram, ainda mais, a necessidade de as empresas investirem no “S” de ESG, inclusive para manter o equilíbrio entre os três pilares e fortalecerem suas marcas ante o mercado e aos consumidores, ao anunciarem seus resultados.

Renata Faber, head de ESG na Exame.invest destaca a importância do capital humano das organizações e ressalta que as ações de atração e retenção de talentos e treinamento, aliados à promoção de políticas de diversidade têm papel preponderante no atingimento das metas ESG.

Um dos exemplos mais emblemáticos da prática do pilar social de ESG veio do Magalu, que, além de não demitir nenhum funcionário durante o auge da pandemia – com todas as lojas fechadas – ainda instituiu um programa de trainees exclusivamente para negros. Iniciativas deste tipo podem, ao longo do tempo, reduzir as desigualdades sociais e econômicas no âmbito das empresas e das comunidades onde estão inseridas.

“Precisamos repensar nossa forma de fazer as coisas, questionar nossos hábitos e comportamentos e não ter medo de abandonar o que já não nos serve. Respeitando o legado, é claro”, diz Fred Trajano, CEO do Magalu, à Forbes.

Da porta para fora

A percepção de consumidores e demais stakeholders sobre uma determinada empresa ou produto passa, também, pela relação das empresas com as comunidades onde estão inseridas.

Covatti lembra que outro elemento social importante para a empresa é a atenção às comunidades do entorno. “Uma empresa que tenha sede numa cidade tem que estar olhando para as comunidades carentes daquela localidade, as comunidades vulneráveis, tornando aquelas comunidades mais harmônicas, buscando, inclusive, talentos locais”.

Outro ponto muito importante do pilar S é a própria sustentabilidade da cadeia de fornecimento. Aqui, é preciso levar em consideração como a empresa trata sua cadeia de fornecedores, principalmente os pequenos. Isto tem um impacto social muito grande.

Vale lembrar que preservar a sustentabilidade da cadeia de fornecedores também significa preservar emprego e renda dentro das empresas e comunidades afetadas por esta cadeia. E reportar isto requer atenção especial.

Pilar social refletido nos relatórios

A DEEP acredita que, hoje, os relatórios de sustentabilidade são muito cartoriais e deixam de expressar e revelar, com mais acurácia, todas as dimensões dos impactos sociais produzidos pelas empresas, por exemplo. É uma tendência natural que se tem de querem olhar muito a foto de momento da empresa, olhando fatos que nem sempre refletem uma realidade – geração de renda é uma delas.

A inovação da plataforma DEEP Value dá esta foto, mas uma das coisas que a empresa quer chamar a atenção e desenvolver, são produtos que mostrem todo filme – nesta perspectiva sobre a extensão dos impactos: como que é a cadeia de fornecedores da empresa, hoje, como são os funcionários da empresa, no momento, e, também, como eles eram ontem e qual é a tendência para amanhã. Afinal, avalia Arthur, “uma empresa pode ter negros e mulheres, por exemplo, mas que podem estar estagnados, sem que isto reflita uma ascensão profissional e uma demonstração de evolução da sociedade”.

Na DEEP existe a crença de que é importante assistir, neste filme, como as pessoas crescem ao longo do tempo, como a carreira de uma mulher evolui dentro da empresa, como a empresa contribui para aperfeiçoamento de colaboradores, aumento de escolaridade, e prosperidade individual.

Padronizando informações ESG

Durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP 26), realizada em Glasgow, na Escócia, a International Financial Reporting Standards Foundation (IFRS), responsável pelos padrões globais de reporte financeiro para as companhias, anunciou importantes avanços nesta agenda global. Um destes avanços está direcionado a consolidar os padrões de informações ESG com a formação do International Sustainability Standards Board (ISSB), trazendo um mesmo contexto de avaliação “para fornecer aos mercados financeiros globais divulgações de alta qualidade sobre o clima e outras questões de sustentabilidade”.

Ainda que esta trajetória demandará muita coordenação por parte das organizações envolvidas, espera-se, com isto, alcançar uma importante meta para o mercado: a uniformização dos padrões para que empresas em todo mundo e os agentes de mercado possam trabalhar com as mesmas bases de avaliação. Tornar esse padrão obrigatório será crucial para tomadas de decisão de investimentos por diversos atores, gestores de fundos ESG, executivos de empresas, e por investidores individuais. Este é um momento de transformação relevante que demandará muitos esforços e inovações para o mercado.

Com isso, independente das escolhas e das abordagens sobre estes padrões e das declarações feitas pelas empresas, torna-se ainda mais essencial mensurar os impactos sob essa perspectiva social, olhando no detalhe, frame frame, este desenrolar.

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