Entrevista com Ed Morata
Ed Morata acredita que negócios, pessoas e planeta são interconectados e interdependentes. Ele é fundador e membro do conselho da ForFuturing, uma empresa de consultoria e empreendimentos de impacto social que desde 2018 trabalha com entidades e empresas em seus projetos de alcançar retorno financeiro em um futuro sustentável.
Mestre em Direito das Relações Econômicas Internacionais pela PUC-SP e bacharel em Administração Pública pela FGV, Ed está há mais de 35 anos no mercado. Parceiro da DEEP desde a fundação da empresa, conta que dois foram os principais vetores que o fizeram entender, desde cedo, que o mundo estava mudando: “Primeiro, ter nascido no Brasil, me deu o ponto de partida para entender o desafio de construir um país social e ambientalmente justo. Toda vez que visitava meus avós, passava por uma favela em São Paulo, e, naturalmente sentia que alguma coisa estava fora da ordem. O segundo ponto que contribuiu para meu interesse em relação ao bem-estar social foi ter vivido em diferentes países, onde equidade e justiça eram preocupações mais presentes e ao mesmo tempo ainda muito diferentes entre si”.
Passados mais de 30 anos de atuação no universo financeiro tradicional, decidiu dar uma guinada, concentrar seus esforços do dia a dia – pessoais e profissionais – na busca de soluções para a sociedade. No curto prazo, se associou a conselhos de instituições sem fins lucrativos, ONGs e universidades, entre outras.
No campo profissional, em 2013, passou a dar consultoria na universidade Brandeis, em Massachusetts. A experiência acabou resultando na criação da Forfuturing, cuja missão é justamente cobrir uma lacuna bem clara: ajudar as companhias a entenderem o desafio da migração para uma existência condizente com os princípios “resumidos” na sigla ESG e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
“As companhias não sabiam por onde começar. Estavam afeitas, quando muito, ao conceito de responsabilidade social corporativa, visão antecedente ao que agora se espera, com foco somente no que era 100% óbvio de combater, tudo muito superficial”, observa.
Desde o começo, ficou evidente que um dos maiores desafios, já identificado e não atacado, residia na mensuração. Foi aí que tomou o primeiro contato com a inovação da DEEP. A parceria foi praticamente imediata:
“Sem intervenção humana, trabalhando com integração entre sistemas, a DEEP eliminou uma importante barreira para a captura e processamento de dados, virtualmente eliminando o risco de manipulação ou erro na coleta dos mesmos. Eu costumo dizer que a Forfuturing lida com a gramática e a DEEP com a aritmética, pois dá a noção da materialidade”.
Ed afirma que a adoção de práticas sustentáveis é irreversível, convicção essa que é reforçada por ter essa tendência resistido à crise mundial da pandemia, a crises políticas locais e regionais e a políticas institucionais contrárias mundo afora. As dores do crescimento, acredita, ainda perdurarão por muitos anos.
“O tamanho da oportunidade é ainda muito maior do que o tamanho da oferta para lidar com a oportunidade. Os solavancos vão persistir. Traumáticos no curto prazo, absorvíveis no médio e pouco relevantes no longo prazo. A maior parte dos solavancos estará ligada aos marcos regulatórios. Mesmo que os prazos de implantação das novas regras pareçam elásticos, elas impactam fortemente os ciclos de investimentos das companhias. Vai ser preciso mudar a dinâmica dos negócios”, avalia.
Ed vê o Brasil atrás de países da Europa e também dos Estados Unidos em relação a práticas ESG, mas chama a atenção para o papel relevante de algumas empresas e lideranças em casos isolados. “A verdade é que, em menor ou maior escala, a grande maioria das empresas em todo o mundo estão em seu momento inicial de adoção desse novo formato de conduzir seus negócios. O caminho ainda é longo, e estamos comprometidos em seguir nele”.