Fleury Johnson é um profissional multifacetado com uma trajetória impressionante na área de saúde e gestão. Médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com especialização em Clínica Médica, pós graduação em medicina do trabalho, MBA em Gestão em Saúde e de Negócios e Especialista em Management e Leadership pela Harvard Business School , possui mais de 10 anos de experiência em saúde populacional e ocupacional. Gerente Sênior de Saúde Global, liderou iniciativas na América Latina, Estados Unidos e Alemanha. Sua expertise abrange áreas como gestão de saúde, análise de dados e desenvolvimento de programas de prevenção e promoção da saúde.
Fleury, como suas formações em medicina e gestão se complementam e impactam a sua trajetória profissional?
FJ: Como médico, tenho o conhecimento clínico necessário para entender as necessidades de saúde dos colaboradores. A formação em gestão me permite aplicar esse conhecimento de forma estratégica, desenvolvendo programas e iniciativas que impactem positivamente a saúde de grandes grupos de pessoas. Além disso, meu interesse por matemática e análise de dados me ajuda a criar algoritmos e analisar informações populacionais para prever riscos e desenvolver ações preventivas.
Como você utiliza dados para melhorar a saúde populacional?
FJ: Vejo várias formas de usar os dados para melhorar a saúde populacional. Primeiramente, é possível analisar os dados da saúde ocupacional para identificar quais grupos estão mais afetados por determinadas enfermidades. Com base nisso, podemos traçar um perfil populacional e desenvolver ações de promoção de saúde direcionadas. Também podem ser desenvolvidos algoritmos para prever riscos de hospitalização, emergência e internação. Ao identificar esses riscos antecipadamente, podemos atuar de forma preventiva, evitando problemas de saúde futuros e gerando economia tanto para as empresas quanto para os planos de saúde, além, é claro, do mais importante: promover a saúde e o bem-estar das pessoas.
Qual é a importância da saúde ocupacional na agenda ESG das empresas?
FJ: A saúde ocupacional é um pilar central na agenda ESG, especialmente no aspecto social. As empresas têm uma responsabilidade social de cuidar da saúde e bem-estar de seus colaboradores. Isso vai além de simplesmente oferecer um plano de saúde. Envolve criar programas de prevenção, promover a saúde integral e garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável. Quando uma empresa investe na saúde de seus funcionários, ela não só melhora a qualidade de vida dessas pessoas, mas também impacta positivamente suas famílias e comunidades. Isso se alinha perfeitamente com os objetivos de sustentabilidade e responsabilidade social corporativa.
Como você mensura o impacto das iniciativas de saúde nas empresas?
FJ: Para mensurar o impacto dessas iniciativas, primeiro definimos claramente nossos objetivos e estabelecemos indicadores-chave. Alguns dos indicadores que monitoramos incluem: índice de pessoas com doenças crônicas, taxa de afastamento, compliance com exames periódicos, taxa de adesão aos programas de saúde, e taxas de internação e emergências. Comparamos esses dados no início do programa e ao longo do tempo para avaliar o progresso. Além disso, estou sempre atento a novos dados que possam surgir durante a análise, insights e, o que nos permite ajustar nossas estratégias e criar soluções mais eficazes.
Qual é o papel da liderança na promoção da saúde dentro das empresas?
FJ: A liderança tem um papel fundamental! Uma liderança inspiradora, que incorpora o cuidado com a saúde em sua estratégia de gestão, pode influenciar significativamente o engajamento dos colaboradores. Quando os líderes praticam e promovem hábitos saudáveis, como a prática de atividade física e a participação em programas de saúde, eles inspiram suas equipes a fazerem o mesmo. Isso resulta em times mais engajados, com menor taxa de absenteísmo e maior produtividade. Além disso, a liderança tem o papel crucial de criar um ambiente de trabalho inclusivo, respeitoso e psicologicamente seguro, o que é essencial para a saúde mental dos colaboradores.
E você? Como você equilibra sua vida profissional e pessoal?
FJ: O equilíbrio entre vida profissional e pessoal é algo que valorizo muito. Para mim, é essencial estabelecer limites claros e programar momentos de descontração. Procuro manter uma rotina de atividade física, correndo ou indo à academia regularmente. Também reservo tempo para atividades que me dão prazer, como cozinhar e receber amigos em casa. Recentemente, retomei a pintura como hobby. Além disso, gosto de aproveitar a natureza, fazendo caminhadas à beira-mar. Acredito que esse equilíbrio é fundamental para manter a saúde mental e o bem-estar geral.
Por fim, como você vê o futuro das empresas em relação à saúde populacional?
FJ: Acredito que, no futuro, as empresas terão que investir cada vez mais em saúde populacional. Isso será impulsionado não apenas pelos objetivos de sustentabilidade para 2030, mas também pelos impactos crescentes das mudanças climáticas na saúde. As empresas perceberão que investir em saúde não é apenas uma questão de compliance, mas algo que gera valor real para a companhia. Veremos mais empresas integrando a saúde em suas estratégias corporativas, não apenas focando na saúde ocupacional, mas na saúde integral de seus colaboradores. Isso incluirá uma maior ênfase na saúde mental e na preparação para futuras crises de saúde pública.
Este conteúdo expressa os pontos de vista do(a) entrevistado(a) e não necessariamente reflete a visão da DEEP.