Porque PMEs devem mensurar carbono?
Arthur Covatti, CEO da DEEP, é professor do MBA Executivo ESG Impact da Trevisan Escola de Negócios. Esta aula (https://www.youtube.com/watch?v=SfPAs348qG4), aberta ao público em geral, traz uma análise aprofundada sobre temas como Mudança Climática, mensuração de impactos por pequenas e médias empresas, exigências das corporações sobre seus fornecedores e motivações para mensurar carbono.
No vídeo, entre diversos temas ligados a ESG, Arthur explica a origem das Mudanças Climáticas, o momento atual da discussão sobre medidas para reduzir emissões e de adaptabilidade e o que podemos esperar do futuro.
Veja, abaixo, algumas falas de destaque do da apresentação.
A capacidade de a atmosfera da Terra reter calor do Sol é o que a torna habitável
“A terra é “quentinha”, habitável, porque recebe calor do sol. Mas se compararmos a Terra e a Lua, veremos que elas estão à mesma distância do sol. Então, como pode a Terra ser habitável e a Lua ser tão fria? A temperatura média na superfície da Lua é da ordem de -18C. É muito frio!”
“A diferença está na atmosfera da Terra, que funciona como se fosse um cobertor que retém o calor do Sol. Quando a humanidade emite gases de efeito estufa, CO2, está [metaforicamente] ‘engrossando’ esse cobertor, fazendo com que a atmosfera consiga reter mais energia”.
O problema não é o aquecimento global e, sim, as mudanças climáticas!
“A Terra estava num equilíbrio térmico. À medida que a gente aumenta a emissão de gases de efeito estufa, a gente está aumentando a capacidade da atmosfera de reter calor. Isso aquece o planeta.”
O problema não é o aquecimento em si. Três graus de aumento na temperatura é um cenário pessimista para o fim do século. Imagina um dia de 25°C aumentar para 28°C. Isso é um problema, mas não parece tão grande assim.
A questão é que essa variação na temperatura média cria um aumento muito maior nos extremos [de temperatura] e isso muda o clima. Por isso que a gente fala que o problema não é o aquecimento global, mas a mudança climática.
Uma região em que chovia, por exemplo, sofre com secas; uma em que não chovia, passa a ter chuvas intensas. Um evento climático improvável, acontece.”
Não se trata de uma questão que vai afetar o nosso futuro, o impacto já é perceptível hoje em diversas partes do mundo
“Já vemos hoje, em 2023, os efeitos dessa mudança no clima, porque o aquecimento global já é um problema hoje, devido ao histórico passado de emissão de gases de efeito estufa”.
“No litoral norte de São Paulo, por exemplo, houve um recorde de chuvas, centenas de milímetros em um intervalo de horas. Isso nunca aconteceu! É um efeito da mudança climática. E há vários outros exemplos de eventos extremos que estão ficando cada vez mais comuns.”
“Um outro ponto, é o impacto de pluviosidade estimado na agricultura com um aumento de 3C na temperatura do planeta. As principais regiões agrícolas do mundo vão ser afetadas pelas mudanças climáticas. Haverá eventos extremos mais frequentes, com seca de meses e quebra de safra.”
“Há problemas também na geração de energia. Se você tem uma mudança no regime de ventos por conta da mudança climática, isso vai afetar os parques eólicos. O impacto também acontece na geração de energia hidrelétrica, que depende das chuvas.”
Medidas de adaptabilidade e de redução de emissões
“[Para introduzir o conceito de adaptabilidade, é importante lembrar que] toda a infraestrutura humana, todo o nosso investimento econômico, foi pensado em um planeta como é hoje. Os modelos climáticos que lá na década de 90 tinham as suas fragilidades, hoje se tornaram um consenso científico.
Isso fez avançar os acordos climáticos e, desde o Acordo de Paris, existe um consenso governamental de que esse é um dos grandes problemas do nosso século.
Como vamos viver nesse planeta com o clima mudando? Como vamos ter adaptabilidade e como vamos evitar uma mudança climática agressiva?”
“Precisa haver investimento em adaptação climática, construir um quebra-mar, aumentar a margem da praia, mudar uma comunidade de lugar… Lagos, na Nigéria, por exemplo, tem 20 milhões de pessoas vivendo numa região cujo ponto mais alto está a dois metros acima do nível do mar.
Ações de adaptabilidade são complexas e caras. A solução é investir massivamente em ações de descarbonização, medindo e reduzindo as emissões.”
A hora é agora!
“Estamos num momento muito importante, que vai definir o que vai acontecer nos próximos 50, 100 anos no planeta.
Se não descarbonizarmos agora, daqui a 50 anos, vai ser necessário muito mais recursos e muitas vidas serão afetadas em ações de adaptação. É agora! Porque já estamos num nível alto de emissões.
A boa notícia é que a maior parte das economias do mundo está reduzindo as emissões. A Europa, por exemplo, já teve, há alguns anos, seu pico de emissões. Agora, está adotando uma série de medidas para reduzi-las. Estados Unidos e China estão indo na mesma direção. Essa é a boa notícia, porque com todo esse efeito, já estamos descarbonizando.”
"Já vemos ações de corporações, empurradas pelos governos, pelos bancos, pelas instituições financeiras e pela regulação, que começam a exigir inventários de emissões.
A emissão tem que diminuir em todas as empresas, sejam elas grandes, pequenas ou médias. Todos têm que fazer a sua parte. Esse é o caminho!”