Mulheres de Impacto – Amanda Kondratovich

‘Estamos falando da sobrevivência do planeta’

Pesquisadora de Metodologias e Sustentabilidade na DEEP há quase dois anos, Amanda Kondratovich é graduada em Engenharia Ambiental (2015), pós-graduada em Gestão de Projetos (2021) e em Gestão de Projetos em Inovação e Sustentabilidade (2022). Morou em Dublin, na Irlanda, e fez intercâmbio nos Estados Unidos, experiências que acredita a fizeram amadurecer e repensar objetivos.

Ela acredita que somente por meio da educação é possível avançar em inovação, tecnologia e sustentabilidade de forma consistente e responsável. “Ainda falta maturidade a boa parte do mercado”, observa Amanda. Confira a entrevista!

– Vamos começar do início: quando e por que surgiu seu interesse pela área ambiental?

Quando fiz vestibular, pensei em Engenharia Ambiental, mas cheguei também a tentar Oceanografia. Eu era péssima em matemática, mas insisti. Era meu foco. Em 2010, trabalhei no serviço público e com desenvolvimento de projetos de saneamento. Naquela época, já atuava com licenciamento ambiental e percebi que a falta de um método confiável e objetivo de mensuração era um grande obstáculo.

– E por que quis morar na Irlanda?

Queria conhecer outras culturas. Morei um ano e três meses em Dublin. Nesse período, comecei a dar aulas para crianças. O viés da educação sempre me interessou muito. Foi um período muito feliz da minha vida.

– E como foi voltar ao Brasil?

Foi bom! Decidi fazer minha primeira pós-graduação em Gestão de Projetos e por isso voltei ao Brasil. Novamente, acabei trabalhando no serviço público, mas, agora, lidando diretamente com trabalhadores. Durante o contato com eles, percebi que parte não sabia ler. Pensei, “como assim?”, não pode! Então, criei um projeto educacional em que os funcionários pudessem estudar durante o horário de trabalho. Foi aí que pensei mais detidamente sobre o quão importante é desenvolver ações que afetem positivamente a comunidade. Hoje, percebo que foi a primeira conexão real com políticas ESG.

– Como foi a sua segunda pós-graduação em Gestão de Projetos em Inovação e Sustentabilidade?

Foi estimulante, tudo a ver com ESG. A turma tinha que projetar uma embalagem de produtos de consumo com rotulagem ambiental. Então, quando começamos a desenvolver o projeto, deu para perceber vários gaps na ideia original. Foi desafiador e me preparou para o trabalho que faço hoje, principalmente em relação à inovação, à visão do todo e à criatividade.

– Foi durante a segunda pós que você chegou à DEEP?

Sim. Na DEEP, faço parte do time responsável pela criação de metodologias de avaliação de impacto ambiental. Com base nas principais ferramentas, frameworks e standards globais – GHG, GRI, SASB e CDP, entre outros – fazemos uma análise do negócio do nosso cliente e definimos os indicadores ESG que mais se adequam à sua realidade. É gratificante saber que, dessa forma, conseguimos reduzir os impactos negativos que podem ser gerados pelas empresas e, ao mesmo tempo, promover os positivos. 

– Não deixa de ser também uma ação educativa…

Sim, claro. Para mim, a educação é a base de tudo, está relacionada com inovação e transformação. Hoje, a preocupação ambiental nas empresas está se consolidando. Não no ritmo que desejamos, mas caminhando. O uso de uma métrica adequada a diferentes setores de atividades econômicas tem sido bem bacana, um projeto do qual me orgulho muito.

– Quais são os desafios do impacto do ‘S’ do ESG?

Acho que a maior dificuldade é realmente entender quais são os objetivos de cada organização na área social. Os gestores precisam estar engajados, comprometidos, para que os funcionários e a comunidade se beneficiem das ações da empresa. A pergunta que as lideranças devem fazer é: “Quais são os impactos positivos e negativos que nós geramos na sociedade?”.  Esses inputs farão a diferença! É, sem dúvida, mais difícil mensurar o social, mas não é impossível. E o ideal é que isso seja feito não só na empresa, mas ao longo de toda a sua cadeia de valor para evitar que ela acabe “financiando” práticas como de trabalho análogo a escravidão, como vimos recentemente no noticiário. 

– A mentalidade e a maturidade dos gestores estão acompanhando a agenda ESG?

Ainda em ritmo lento, mas dá para perceber avanços. Existe uma resistência, mas bem menor agora do que há dois, três anos. As estruturas regulatórias estão cobrando, o consumidor está cobrando, o próprio mercado está cobrando. É inevitável: ou a empresa se adapta ou terá que enfrentar a concorrência das que já se aderiram – de verdade! – ao ESG. No fundo, estamos falando da sobrevivência do planeta. As mudanças climáticas estão associadas a tudo isso. Bom, chegamos mais uma vez à questão educacional, tudo depende dela.

– Como vê seu futuro profissional?

Na DEEP, temos um corpo de funcionários excelente. Amadureci muito na empresa, aprendo todos os dias, é grande a troca de conhecimento e experiência. Quero também voltar a estudar, fazer mestrado de uma forma que se relacione diretamente com o meu objetivo profissional. E sei que terei todo apoio da DEEP.

 

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