Findado 2024, recebi um pedido do time de marketing da DEEP: fazer um balanço do ano no nosso mercado e compartilhar algumas expectativas para 2025.
Escrevi, então, o seguinte texto, que espero que seja útil a alguém.
Normalmente se divide os ciclos de mercados ou de produtos em quatro ou cinco fases de desenvolvimento.
1 – A primeira fase é o momento da expectativa, onde novos problemas, tecnologias ou regulamentações começam a indicar a criação de um mercado – mesmo sem resultados concretos.
2 – Na segunda fase, o mercado entra em tração: os primeiros players surgem, a tecnologia entrega resultados e as normas começam a ser implementadas.
3 – A terceira fase é o platô, quando o mercado atinge maturidade e se consolida.
4 – Já a quarta fase é marcada por declínio, com fusões e aquisições e a diminuição das margens.
5 – Por fim, há a quinta fase, onde o mercado pode se reinventar ou, em alguns casos, desaparecer.
A DEEP surgiu há quatro anos, em um cenário em que o mercado de sustentabilidade no Brasil era movido apenas por expectativas.
Haviam grandes projeções: a criação de um mercado regulado de carbono, a integração de critérios de impacto na contabilidade e uma regulamentação mais robusta para o mercado financeiro. Essas expectativas (que estavam mais para desejos) eram alimentadas tanto pelo que já víamos acontecer em outros países, onde a pauta ESG estava mais avançada, quanto pela crença de que o Brasil poderia seguir por esse mesmo caminho.
De fato, algumas regulamentações já estavam em vigor, algumas até há décadas, e o governo brasileiro já havia assumido compromissos climáticos. No entanto, isso geralmente alcançava apenas uma pequena parte do mercado, concentrada em empresas que, na maioria das vezes, já tinham processos internos bem estruturados — muitas vezes herdados de suas matrizes internacionais e, por isso, não precisavam de tanto suporte.
Assim, até o início desse ano é seguro dizer que estávamos, claramente, na primeira fase do mercado. De expectativas e “early adopters”. Onde o pouco que acontecia de modo mais sólido era um reflexo de outras geografias.
Mas para a DEEP, e para o mercado brasileiro como um todo, esse ano foi marcado por uma transição.
Em 2024 ocorreram mudanças transformacionais no mercado, como as normas IFRS S1 e S2 e o SBCE (Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões), o avanço do acordo “Brasil Mercosul” (que apesar de não ser diretamente ligado à sustentabilidade, traz desdobramentos), a consolidação do DRSAC (e outras regras) para 100% das instituições financeiras do Brasil (das S1 às S4) e por aí vai.
Muitas expectativas de décadas se concretizaram no ano que passou. Considero que 2025 será o início de um novo ciclo: o momento em que a sustentabilidade entrará na fase de tração.
Provavelmente, muitas empresas irão acelerar suas estratégias de descarbonização, incorporando matrizes de materialidade e integrando a sustentabilidade diretamente em suas demonstrações de resultados. Mesmo que, inicialmente, as regulamentações alcancem apenas um grupo limitado, o impacto deverá se espalhar por toda a cadeia produtiva. Diferentemente do que vimos em 2021 e 2022, quando o foco estava mais no marketing e nas preferências dos consumidores (e, às vezes, no peer pressure do LinkedIn), agora o motor da mudança será guiado por regulamentações e exigências contábeis ou alfandegárias. Trata-se de um movimento muito mais sólido, profundo e com efeitos duradouros.
Imagino o próximo ano intenso e repleto de oportunidades para o mercado de ESG, onde empresas, consultores, e profissionais estarão em alta demanda. Outro fator que também deve ajudar a acelerar o tema localmente será a COP30.
Para nós, da DEEP, é motivo de orgulho encerrar este ano com um time apaixonado, uma base sólida de clientes e um compromisso ainda maior em liderar essa transformação. No momento que o mercado mais precisa, consideramo-nos prontos para fazer frente à cada vez maior demanda do mercado.
Assinado por Arthur Covatti, CEO e Cofundador da DEEP.