Inovação e Sustentabilidade

Inovação e Sustentabilidade

Por Carlos Novak *

Neste início de década, temos acompanhado de perto o avanço da Inteligência Artificial, uma tecnologia que já existe há mais de meio século, mas que só agora se tornou acessível a todo mundo, por meio de aplicações práticas, escaláveis e fáceis de entender e usar. 

Com  modelos de aprendizado por reforço e machine learning, a Inteligência Artificial veio essencialmente para resolver um problema ligado ao descompasso entre a velocidade com que vínhamos gerando dados e nossa capacidade de interpretação. 

As mudanças já são visíveis e vão impactar profundamente a forma como organizamos nossos negócios, estudos e relações de trabalho. 

 

A urgência da crise climática e a importância dos dados e da inovação para sua resolução

Assim como a Inteligência Artificial, a Crise Climática também está aí há muito tempo, mas seus efeitos têm sido mais evidentes e severos na última década. Hoje, as mudanças climáticas já estão afetando a produtividade e a qualidade de vida, com eventos extremos impactando várias geografias pelo mundo, com reflexos ambientais, sociais e políticos.  Trata-se de um evento de proporção global e com severidade suficiente para ameaçar a própria espécie humana. 

Para conseguir combater esse movimento, é preciso coordenar todas as partes relacionadas – governos, empresas, investidores e consumidores – para que a reação aconteça na direção certa, na velocidade necessária. 

A forma como a Humanidade pode atacar essa questão é por meio do uso da tecnologia, da análise de dados, da compatibilização desses dados, num volume, velocidade e profundidade muito maiores do que uma pessoa consegue processar. 

É interessante ver que tanto o problema da Sustentabilidade quanto a tecnologia necessária para a busca da sua solução existem há muito tempo, mas só agora podem ser alinhadas. Justamente porque, com a Inteligência Artificial, agora é possível lidar com um grande volume de dados sobre impacto e, assim, direcionar efetivamente as ações coordenadas por todos os stakeholders, no mundo inteiro. 

Outra importante inovação, que também se beneficia do avanço da inteligência artificial, é o cálculo de impactos a partir dos dados contábeis e gerenciais. Essa correlação entre os dados financeiros e os de sustentabilidade é um caminho já comprovado de criar uma linguagem única e confiável para atacar o problema na escala necessária.

Por que nunca se resolveu a questão da Sustentabilidade no passado? 

Para responder a essa pergunta, recorro a um mito religioso, a Torre de Babel. Depois do Dilúvio, os descendentes de Noé decidiram construir uma torre que chegasse ao céu. Por um castigo divino, deixaram de falar a mesma língua. A partir daí, a cooperação entre as partes parou de acontecer e o resultado foi o fracasso da iniciativa.

O que isso tem a ver com Sustentabilidade? Na minha opinião, tudo! Hoje, cada um está falando uma língua: os investidores, a de métricas absolutas de performance; as empresas, de mitigação de riscos e reputação; os consumidores e trabalhadores, de engajamento com empresas que realmente se importam. 

As ações de mitigação da crise climática estão sendo impulsionadas pelo sistema financeiro, pela via do direcionamento do crédito, mas só vão atingir o resultado necessário se existir uma linguagem comum. 

É preciso haver uma coordenação de todos os interesses, discursos e controles relacionados à transição para uma economia de baixo carbono e o combate à crise climática. Inovar no processo de cálculo de impacto é resolver essa questão de linguagem entre as partes. 

Na prática, o desafio é garantir que os dados sejam comparáveis, produzidos de forma confiável e consumidos na velocidade correta para que as decisões mexam com o ponteiro a tempo. 

A metodologia de cálculo de impacto, sobretudo das emissões, por meio do vínculo contábil,  representa hoje a inovação que poderá culminar na construção desta língua comum requerida para que os esforços coordenados dos organismos multilaterais, mercados, empresas e credores sejam eficientes no combate da crise climática.

Por meio da tecnologia que desenvolvemos na DEEP estamos, portanto, provendo as ferramentas para que, juntamente com a tomada de decisão coordenada das empresas, reguladores e governos, os mercados possam privilegiar projetos que conduzam a uma economia de baixo carbono e freiem a inexorável crise climática.

* Carlos Novak é Head of New Ventures & Business Development na DEEP

 

 

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