GHG Protocol: entenda melhor o que é e para que serve

 

Descubra o que é o GHG Protocol, uma iniciativa do WRI e WBCSD que fornece diretrizes para organizações gerenciarem e relatarem suas emissões de gases de efeito estufa. Leia esse artigo para saber mais sobre o assunto.

 

 

Para avaliar a saúde financeira de uma empresa e sua capacidade de gerar lucro, se usa o DRE (Demonstração do Resultado do Exercício), relatório contábil que apresenta as receitas, custos e despesas de uma empresa em um determinado período. 

 

E para se medir impacto? Bem, essa é uma discussão longa, que está em permanente evolução… Mas, falando especificamente de emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE), já existe um padrão que serve como referência global, que é o GHG Protocol (The Greenhouse Gas Protocol). 

 

O GHG Protocol oferece um conjunto de padrões, orientações, ferramentas e treinamento para que empresas e governos possam medir e gerenciar suas emissões em um determinado período de tempo de forma confiável, precisa e comparável. 

 

O IFRS (International Financial Reporting Standards – Normas Internacionais de Relatório Financeiro, que estabelece as regras para demonstrações contábeis) reconhece o GHG Protocol como o principal método para contabilização de emissões no IFRS S2 (requisitos de divulgação relacionados ao clima).

 

 

O que motivou a criação do GHG Protocol?

 

O GHG Protocol foi criado em 1998 por uma parceria entre organizações não governamentais e empresas privadas, incluindo o World Resources Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD). 

 

Entre os diferentes modelos disponíveis no mundo para a realização de inventários corporativos de gases de efeito estufa , é o mais utilizado por empresas e governos – estando presente em mais de 140 países, que representam mais de 90% das emissões globais de GEE. 

 

 

“O WRI tem cerca de 1.800 funcionários localizados em todo o mundo. Além de iniciativas globais e de uma presença regional coordenada em África e na Europa, priorizamos o trabalho em 12 países focais: Brasil, China, Colômbia, República Democrática do Congo (RDC), Etiópia, Índia, Indonésia, Quénia, México, República da Congo, Ruanda e Estados Unidos.” Fonte: site WRI.

 

Quando e como chegou ao Brasil?

 

Em 2008, foi lançado o Programa Brasileiro GHG Protocol (PBGHGP), uma adaptação do protocolo à nossa realidade, desenvolvida pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGVces) e pela WRI, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), o WBSCD e 27 empresas. 

 

Além de promover uma cultura corporativa de mensuração, publicação e gestão voluntária das emissões de GEE no Brasil, o programa também teve como objetivo constituir uma plataforma nacional para a publicação dos inventários de GEE corporativos e organizacionais.

 

A DEEP segue integralmente as diretrizes propostas pelo GHG Protocol em suas soluções e plataformas de cálculo automatizado de emissões de gases de efeito estufa. 

 

 

Quem custeia o GHG Protocol?

 

O GHG Protocol é mantido por uma parceria entre o World Resources Institute e o World Business Council for Sustainable Development e é  financiado por uma variedade de fundações, empresas e governos, incluindo a Bezos Earth Fund, a Fundação Gordon e Betty Moore, a Google, a Salesforce, a Amazon, a Cargill, a UPS Foundation, a IKEA, a Walmart Foundation, a U.S. Environmental Protection Agency, a Shell, a Environment Canada e a Microsoft.

 

 

Por que precisamos de um protocolo?

 

Um padrão como o do GHG Protocol fornece uma base comum global para a quantificação e comunicação de emissões de gases de efeito estufa (GEE). Isso é importante para garantir transparência, confiabilidade e comparabilidade das informações. 

 

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O inventário realizado no padrão do GHG Protocol possui validade internacional?

 

Sim, o GHG Protocol é um padrão reconhecido internacionalmente e apoiado por organizações como a ONU, o Banco Mundial e o  Fundo Monetário Internacional (FMI). Até o fim de 2022, mais de 16 mil organizações de todos os portes e setores já publicaram inventários de emissões usando o GHG Protocol. Um dos pontos positivos do protocolo é justamente a comparabilidade dos dados de emissões dessas organizações. 

Como o GHG Protocol complementa os relatos/frameworks de mercado?

 

O GHG Protocol complementa os demais padrões porque fornece uma base sólida e precisa para a quantificação e comunicação objetiva de emissões de GEE. Utilizando como base de cálculo as métricas e métodos do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), é amplamente aceito por investidores, reguladores e outros stakeholders. 

O GHG Protocol é compatível com as normas da International Organization for Standardization (ISO) e segue os mesmos princípios de relevância, integralidade, consistência, transparência e precisão, e etapas de planejamento, identificação, cálculo, reporte e verificação de emissões e remoções de GEE da norma ISO 14064. 

Além disso, as informações geradas podem complementar relatórios e questionários de iniciativas como CDP (Carbon Disclosure Project, sistema global de divulgação ambiental para empresas, cidades, estados e regiões), Índice Bovespa de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e GRI (Global Reporting Initiative, que aborda indicadores de gestão, desempenho ambiental, práticas trabalhistas, trabalho decente, direitos humanos, entre outros).

Quais são os princípios dos relatórios de emissões feitos com base no GHG Protocol?

 

Os registros e relatórios de emissões do GHG Protocol têm como princípios: 

  • Relevância – refletir com exatidão as emissões e auxiliar nas tomadas de decisão internas e externas.
  • Integralidade – registrar e comunicar todas as fontes de emissões incluídas no inventário; e divulgar e justificar eventuais exclusões. 
  • Consistência – utilizar metodologias que permitam comparações de emissões ao longo do tempo. Documentar todo e qualquer fator relevante do inventário.
  • Transparência – tratar todos os assuntos de forma coerente e factual, revelando métodos de cálculo e de registro, fontes de dados e qualquer suposição relevante. 
  • Exatidão – reduzir ao mínimo as incertezas na mensuração das emissões. 

Esses princípios se encontram no Guia para a elaboração de inventários corporativos

de emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) de acordo com o Programa Brasileiro

GHG Protocol – Baixe o guia aqui.

 

Como fazer um inventário de emissões de GEE usando o GHG Protocol?

 

Organizações dos setores público e privado adotam o GHG Protocol não só para reportar suas emissões em Relatórios de sustentabilidade, como, também, para avaliar, gerenciar e mitigar seus riscos climáticos; negociar créditos de carbono; cumprir regulamentações e demandas de mercado. 

O protocolo também é usado por empresas que assumem o compromisso de neutralizar as emissões de gases de efeito estufa e precisam mapear as fontes de emissão; identificar processos passíveis de redução; e neutralizar o restante que for inevitável.

O primeiro passo para a realização de um inventário é a definição seu escopo. Sendo que, o GHG Protocol define três escopos de emissões: 

  • Escopo 1 – emissões diretas de GEE ligadas às atividades operacionais da organização. 
  • Escopo 2 – emissões associadas à eletricidade, aquecimento e refrigeração. 
  • Escopo 3 – emissões indiretas, de fontes fora do controle direto da organização, como cadeia de suprimentos, transporte de frete, uso ou descarte de produtos. 
Escopos do GHG Protocol

 

Em seguida, é necessário identificar as fontes de emissão de cada escopo. Nessa etapa, se faz a coleta de dados operacionais e logísticos, de consumo de energia, entre outros. 

As emissões de GEE devem ser calculadas de forma separada para cada fonte que tiver sido identificada, de acordo com fatores de emissão padrão fornecidos pelo GHG Protocol. 

As informações coletadas são consolidadas em um inventário, que apresenta dados sobre as fontes de emissão, os valores calculados na etapa anterior e informações adicionais consideradas relevantes. 

Esse inventário deve ser verificado por um agente interno ou independente para garantir que as informações sejam precisas e confiáveis. Por fim, o inventário deve ser publicado para que todos possam acessar as informações. 

O GHG Protocol fornece o passo a passo para a elaboração do inventário e planilhas para o cálculo das emissões. Softwares como o DEEP Start simplificam todas as etapas – da identificação das fontes à elaboração do inventário – tornando o processo mais ágil e confiável e os dados, comparáveis e auditáveis. 

 

Onde publicar o inventário de emissões?

 

No Registro Público de Emissões (RPE), uma plataforma desenvolvida em 2010 pelo Programa Brasileiro GHG Protocol, e que é hoje o maior banco de dados de inventários corporativos da América Latina. 

Programa Brasileiro GHG Protocol

                               

Quais são as vantagens de publicar o inventário no Registro Público de Emissões?

 

Publicar o inventário de emissões no Registro Público de Emissões pode trazer muitos benefícios para as empresas, como, por exemplo, reputação, benchmarking (comparação com empresas do mesmo setor), e acesso a financiamentos e assistência para desenvolver ações de redução das emissões, entre outros. 

Mapa de Inventários de GHG Protocol

(Mapa dos Inventários Fonte: Registro Público de Emissões – FGV)

 

Qual o custo de divulgação do inventário corporativo no Registro Público de Emissões? 

 

O custo varia de acordo com o tamanho e setor da organização. Empresas de pequeno porte pagam uma taxa anual de R$ 500,00; de médio porte,  R$ 1.500,00; e as de grande porte,  R$ 3.000,00.

Essa taxa inclui a publicação do inventário e o acesso a uma série de recursos e serviços, como suporte técnico, networking e conhecimento da FGV. 

 

Como é o processo de auditoria de um inventário de carbono?

 

O processo de auditoria de um inventário de carbono é um processo sistemático e independente para verificar a sua precisão e completude.

É realizado por um auditor qualificado, que usa uma variedade de técnicas para verificar as informações fornecidas e coletar evidências adicionais. Isso pode envolver a realização de entrevistas com funcionários, a revisão de registros e documentos, além da realização de medições.

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Quais categorias o GHG Protocol disponibiliza na planilha para cálculo?


São 27 as categorias para o cálculo de emissões de gases de efeito estufa do GHG Protocol: 

Escopo 1

1.1 Combustão móvel

1.2 Combustão estacionária

1.3 Processos industriais

1.4 Resíduos sólidos e efluentes líquidos

1.5 Emissões fugitivas

1.6 Atividades agrícolas

1.7 Mudança no uso do solo

Escopo 2

2.1 Aquisição de energia elétrica (localização)

2.2 Aquisição de energia elétrica (escolha de compra)

2.3 Aquisição de energia térmica

2.4 Perdas por transmissão e distribuição (localização)

2.5 2.3 Perdas por transmissão e distribuição (escolha de compra)

Escopo 3

3.1 Bens e serviços comprados

3.2 Bens de capital

3.3 Atividades relacionadas com combustível e energia não inclusas nos escopos 1 e 2

3.4 Transporte e distribuição (ustream)

3.5 Resíduos gerados nas operações

3.6 Viagens a negócios

3.7 Deslocamento de funcionários (casa-trabalho)

3.8 Bens arrendados (a organização como arrendatária)

3.9 Transporte e distribuição (downstream)

3.10 Processamento de produtos vendidos

3.11 Uso de bens e serviços vendidos

3.12 Tratamento de fim de vida dos produtos vendidos

3.13 Bens arrendados (a organização como arrendadora)

3.14 Franquias

3.15 Investimentos


Por que o escopo 3 não é obrigatório no GHG Protocol?


As emissões de escopo 3 são emissões indiretas de GEE geradas ao longo da cadeia de valor de uma empresa. Como envolvem fontes que a empresa não controla diretamente e devido à dificuldade para fazer a sua contabilização, não são consideradas obrigatórias pelo GHG Protocol. Apesar disso, as diretrizes para sua medição e reporte também são definidas pelo GHG Protocol. 

Independentemente dessa não obrigatoriedade, é crescente o número de empresas que mensuram suas emissões ao longo da cadeia de valor. O que é um fato importante visto que as emissões indiretas representam a maior parte do total de emissões (72%, de acordo com um estudo da CDP com 150 empresas globais). 


Existe previsão para que o escopo 3 seja obrigatório? 


Este tema está sendo discutido e deve ser decidido nos próximos anos. A obrigatoriedade é defendida com argumentos como o peso das emissões de escopo 3 no total e a necessidade de aumentar a transparência e a responsabilização das empresas por todas as suas emissões – diretas e indiretas.

Os argumentos contrários se baseiam na carga excessiva para as empresas, principalmente para as pequenas e médias. 


Quais são as diferenças de cada nível de selo do GHG protocol?


O Programa Brasileiro GHG Protocol apresenta três níveis de selo para empresas que publicam seus inventários de emissões: 

Bronze: organizações que publicam o inventário de forma parcial.

Prata: organizações com inventário completo (escopos 1 e 2), mas não certificadas.

Ouro: empresas públicas e privadas com inventários completos e certificação independente.

O Protocolo muda de um ano para o outro? O GHG Protocol pode “mudar” radicalmente?


O GHG Protocol utiliza como base de cálculo as métricas e métodos do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). O IPCC é a organização científica criada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e pela Organização Meteorológica Mundial com a finalidade de consolidar e difundir o conhecimento sobre mudanças climáticas.

Mesmo após 24 anos de existência do GHG Protocol e 34 anos da criação do IPCC, suas diretrizes ainda são utilizadas como base para os cálculos. Ao mesmo tempo que o IPCC utiliza os dados do GHG Protocol para a avaliação de riscos associados às mudanças climáticas.

Desde a sua criação, o GHG Protocol vem sendo  atualizado regularmente, para refletir as mudanças nas práticas de contabilidade de emissões e fornecer orientações adicionais. 

Também foi acrescentado recentemente, por exemplo, um detalhamento das emissões financiadas (categoria 3.15) valendo-se do PCAF.

Porém, as atualizações não costumam ser muito radicais, sendo consideradas como melhorias nos métodos de cálculo ou expansão de escopo / conceitos. Nada indica que o protocolo passará por grandes mudanças nos próximos anos. 

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