COP 28: Discussões com especialistas da DEEP
A DEEP reuniu especialistas de diferentes áreas para debater os avanços e resultados da COP28, realizada nas primeiras semanas de dezembro em Dubai. Participaram do encontro Weber Amaral, conselheiro da DEEP, PhD em Políticas Públicas Ambientais pela Universidade de Harvard e professor da Esalq/USP; Linda Murasawa, graduada em Ciências da Computação pelo ITA, com especialização em Liderança em Sustentabilidade pela Universidade de Cambridge, atua como consultora com foco no mercado financeiro; Claudia Massei, graduada em Engenharia Aeronáutica pelo ITA, com MBA pela Wharton School e mestre em Estudos Internacional pelo Lauder Institute, atual Líder de transformação e assessora do CEO global da Siemens; Paulo Miranda, CSO e cofundador da DEEP e Igor Zanetti, Head de Parcerias da DEEP.
Claudia Massei e a Perspectiva do Setor Privado
Claudia Massei trouxe uma perspectiva do setor privado, que, segundo ela, está enxergando a necessidade de investimento no combate às mudanças climáticas, mas ainda precisa superar alguns desafios. Um desses desafios é o foco maior nos investimentos em mitigação do que em adaptação. Outro diz respeito à necessidade de incentivos fiscais e subsídios para tornar os investimentos em tecnologias sustentáveis mais atrativos.
Desmistificação da Rivalidade Entre Recursos Econômicos e Meio Ambiente
"Um dos pontos mais importantes a destacar é a desmistificação da ideia de que recursos econômicos e meio ambiente se rivalizam, que se tem que escolher entre a economia e o meio ambiente. Os dois devem andar juntos, porque se não fizermos algo pelo meio ambiente, os impactos e as consequências vão afetar a economia no futuro e vão trazer consequências muito negativas também economicamente."
Responsabilidade Individual e Empresarial na Descarbonização
"Muito importante ver representantes nacionais falando disso. Quem vai descarbonizar o mundo são aqueles atores que têm ativos que acabam poluindo, emitindo carbono, que são as pessoas e as empresas. Embora a COP28 seja uma discussão entre países, quem vai implementar as medidas somos eu, você… e as empresas onde nós trabalhamos. E essas empresas do setor privado precisam fechar a conta, do ponto de vista financeiro, ou uma regulamentação rígida que as força a investir em tecnologia para descarbonização, que tem que ser visto como o custo para continuar fazendo os seus negócios. "
Weber Amaral e os Avanços na Produção de Alimentos Sustentáveis
Weber Amaral falou sobre avanços no setor de produção de alimentos, destacando que, pela primeira vez, foi publicado um documento oficial da COP sobre as paisagens onde os alimentos são produzidos.
Resolução Inovadora: Sustentabilidade nos Sistemas de Produção de Alimentos
"Apesar de não ser obrigatória, uma das resoluções mais interessantes foi a que envolve os sistemas de produção de alimentos, que devem ser mais sustentáveis e ‘conversar’ com o clima. Existe hoje um reconhecimento sobre a importância de trabalharmos não apenas a produção de alimentos, mas a paisagem onde estes alimentos são produzidos; como essa paisagem é monitorada e acompanhada, os sistemas de agricultura regenerativa…"
Mudança de Foco: Da Emissão para a Regeneração na Agricultura
"Tudo isso traz um avanço muito grande. Até então, o tema da produção sustentável de alimentos estava centrado no lado negativo, de emissões. Agora, a agricultura passa para o lado positivo, com uma responsabilidade muito grande sobre como regenerar os sistemas de produção de alimentos, conferindo maior resiliência, inclusive do ponto de vista de respostas às mudanças climáticas. Foi um compromisso dos países, endossado por toda a cadeia de produção de alimentos. Pela primeira vez, foi gerado um documento oficial da COP sobre a produção de alimentos em paisagens que vão ser muito mais sustentáveis e resilientes. "
Linda Murassawa e a Importância do Setor Financeiro na Mudança Climática
Linda Murassawa destacou o papel do setor financeiro como grande indutor de mudanças, afirmando que a COP28 foi um momento importante para a discussão de novos mecanismos financeiros para o financiamento climático, como as cláusulas de dívidas de resiliência de ações climáticas:
O Papel Transformador do Setor Financeiro
"O setor financeiro é um grande indutor de mudanças. Na COP28, havia muita expectativa em relação aos volumes de recursos envolvidos nos financiamentos de adaptação. Foi discutido que o fluxo ainda é insuficiente – a estimativa é de que deveria ser 10 a 18 vezes maior do que o atual."
Inovações na COP28: Fundo de Perdas e Danos e Cláusulas de Resiliência
"Tivemos algumas novidades, como o Fundo de Perdas e Danos, que tinha sido proposto na última conferência, e recebeu na COP28 a adesão de quatro países. Os recursos deste fundo serão direcionados para regiões como a África, muito impactada pelas mudanças climáticas, mas que é uma das que menos contribuíram para as emissões de carbono. Os bancos multilaterais de desenvolvimento entraram com cláusulas de dívidas de resiliência de ações climáticas, que criam as condições para que um país possa pegar um empréstimo e interromper o pagamento da dívida ou usar os recursos para fazer a restauração na hipótese de um evento climático extremo.
Isso é um ponto extremamente positivo, principalmente quando pensamos nos países pobres ou em desenvolvimento, que teriam a oportunidade de gerir o fluxo de caixa de uma forma mais tranquila. Como qualquer novo mecanismo, serão necessários muitos debates envolvendo os bancos centrais e o setor financeiro global sobre critérios de elegibilidade, como vai ser feito, gerido, calculado, precificado…Mas já foi um importante avanço."
Paulo Miranda e as Perspectivas Para COP30
Por fim, Paulo Miranda enfatizou a urgência em relação às mudanças climáticas e a necessidade de todos assumirem as suas responsabilidades e os desafios para o Brasil, que se prepara para sediar a COP30, em Belém, em 2025.
Urgência e Responsabilidade na Abordagem das Mudanças Climáticas
"O senso de urgência, cada vez maior nessa questão das mudanças climáticas, impõe sobre todos os atores desse processo político da conferência um maior nível de responsabilidade. Cada país deve entender sua própria dinâmica e contribuir para as mudanças necessárias. É preciso traduzir essas questões e implementar compromissos possíveis, principalmente pela iniciativa privada. "
Compromisso Nacional: O Brasil na COP30 – Soluções e Responsabilidades
"O Brasil tem a responsabilidade de chegar à COP30 com soluções e compromissos consolidados. É necessário acompanhar as decisões e propostas do governo e da sociedade civil, além de propor soluções e entender as implicações do processo regulatório. A sociedade civil também deve se engajar e elevar a responsabilidade do Brasil como anfitrião da conferência. "
Rumo à Sustentabilidade Empresarial Global
À luz das discussões e avanços apresentados durante a COP28, torna-se evidente que a sustentabilidade é uma pauta crucial para o futuro, demandando ações imediatas e compromissos reais. Empresas que desejam se destacar como líderes em seus segmentos precisam adotar uma abordagem proativa em relação às mudanças climáticas e à responsabilidade socioambiental. Os insights compartilhados pelos especialistas da DEEP destacam a importância de integrar práticas sustentáveis na produção de alimentos, desmistificar a ideia de rivalidade entre economia e meio ambiente, explorar inovações financeiras e assumir responsabilidades diante dos desafios climáticos.
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