CDP e a importância dos dados primários das emissões das cadeias de valor (escopo 3) 

A crescente conscientização sobre as mudanças climáticas e seus impactos têm levado à evolução dos marcos regulatórios e ao aumento da pressão para que as empresas mensurem e reduzam suas emissões de gases de efeito estufa (GEE). 

Dentro desse contexto, o Escopo 3, que abrange emissões indiretas na cadeia de valor de uma empresa, tem ganhado destaque, especialmente devido à sua magnitude em comparação com os Escopos 1 e 2.

De acordo com o CDP – Carbon Disclosure Project -, organização global que administra o maior sistema de divulgação ambiental do mundo,  as emissões da cadeia de suprimentos (Escopo 3) são em média 26 vezes maiores que as operacionais (Escopos 1 e 2). Apesar disso, devido à complexidade e a não obrigatoriedade da mensuração das categorias do escopo 3, as empresas tendem a focar mais na medição e definição de metas de redução de emissões para os Escopos 1 e 2, deixando o Escopo 3 em segundo plano. Apenas 15% das empresas que divulgam dados através do CDP têm metas estabelecidas para as emissões de Escopo 3.

Aumento da pressão sobre as empresas

Os marcos regulatórios têm evoluído para exigir maior transparência e responsabilidade das empresas em relação às suas emissões de GEE.  A divulgação de dados e metas para redução das emissões do Escopo 3 está se tornando cada vez mais comum , impulsionada por padrões globais e novas regras de relatórios obrigatórios. Isso afeta diretamente o sucesso dos negócios e das carteiras de investimentos, tanto local quanto internacionalmente. Diversas empresas com operações globais possuem metas públicas baseadas na ciência para redução das emissões de escopo 3 (SBTi – Science based Target initiatives). 

Algumas regulações que já exigem divulgação de dados de emissões de escopo 3: no Brasil, IFRS S2, para empresas de capital aberto; e CETESB, para empresas com Emissões do transporte de bens e serviços adquiridos ou vendidos por frota terceirizada igual ou superior a 300 veículos. No contexto europeu, a Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD) exige que as empresas relatem as emissões de escopo 3, juntamente com as emissões diretas e indiretas. A diretiva visa melhorar os relatórios corporativos sobre o impacto climático e ambiental, e se aplica a uma ampla gama de empresas da UE. Além disso, empresas que relatam o TCFD também devem divulgar todos os escopos. 

A importância dos dados primários

Para medir e gerenciar eficazmente as emissões do Escopo 3, é essencial que as empresas utilizem dados e fatores de emissão primários. Isso significa coletar informações diretamente de suas operações e fornecedores, ao invés de depender de estimativas ou dados secundários. A coleta de dados primários permite uma compreensão mais precisa das emissões e facilita a definição de metas realistas e a implementação de estratégias de redução.

Engajamento com fornecedores

O engajamento com fornecedores é crucial para a gestão das emissões do Escopo 3. Empresas que se envolvem com seus fornecedores são 6,6 vezes mais propensas a ter um plano de transição alinhado com as metas de combate às mudanças climáticas. No entanto, apenas 4 em cada 10 empresas se envolvem com fornecedores em questões climáticas, e menos de 1 em cada 10 colabora efetivamente com eles.

O uso de dados primários e o engajamento com fornecedores são passos críticos para que as empresas cumpram suas responsabilidades climáticas e se adaptem aos marcos regulatórios em evolução. 

Sobre o CDP 

Fundado em 2000, incentiva empresas, cidades, estados e regiões a divulgarem seus impactos ambientais, com foco na redução de emissões de gases de efeito estufa, proteção de recursos hídricos e florestas. Trabalhando com mais de 700 instituições financeiras que possuem ativos superiores a 142 trilhões de dólares, o CDP promove a transparência e responsabilidade ambiental. 

O CDP tem o papel de catalisador para ações climáticas, utilizando dados ambientais para guiar decisões de investimento e aquisição em direção a uma economia sustentável e resiliente. Em 2023, mais de 24.000 organizações divulgaram dados através do CDP, incluindo empresas que representam dois terços da capitalização de mercado global, destacando sua influência significativa na promoção da sustentabilidade corporativa.

Sobre o SBTi

A iniciativa Science Based Targets (SBTi) mobiliza as empresas para que adotem metas baseadas na ciência para a redução de suas emissões, impulsionando a transição rumo a uma economia de emissões líquidas zero.​

As metas adotadas pelas empresas para reduzir as emissões de GEE são consideradas “baseadas na ciência” se estiverem de acordo com o que a mais atual ciência climática indica como necessário para que os objetivos do Acordo de Paris sejam alcançados: limitar o aquecimento global a 1.5ºC com relação aos níveis pré-industriais e chegar as emissões líquidas zero antes de 2050.

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